· Jeep Liliana:
O Jeep do general
Mascarenhas, batizado de Liliana, está no Museu Conde de Linhares no Rio, mesmo
sem evidências de que é exatamente o mesmo que foi usado na guerra ou uma
caracterização. Muitos destes veículos voltaram ao Brasil com o fim da
guerra, continuando em atividade nos quartéis do Exército em todo o país.
Desmobilizados, após bastante tempo de serviço, vários deles ainda rodam na mão
de civis e colecionadores.
No final da década de 1920 o comando do Exército
Norte Americano estava imbuído em grande processo de motomecanização
principalmente visando a substituição em larga escala das unidades tradicionais
de cavalaria. Uma das primícias básicas seria o desenvolvimento de um
veículo leve com tração 4X4, com capacidade de superar terrenos difíceis com
obstáculos, dispondo ainda de capacidade para levar alguns homens e
armamentos. Este conceito veicular seria projetado em 1932 pelo Coronel R.G
Howie, da 7th Tank Company baseada no Forte Smelling Minn, com o primeiro
protótipo foi construído em 1937 pelas oficinas do Forte Sam Hous Ton Texas.
Testes praticos foram conduzidos com este veiculo levando para a evolução de um
pré lote de produção no ano de 1940 contemplando 70 unidades construídas pela
empresa Bantan Car Company of Butler que foram entregues o Quartel
General do Departamento Exército em Holabird em Baltimore.
Com o recebimento deste lote até
meados de 1938, foi desenvolvido uma amplo processo de construção de doutrinas
de emprego e testes complementares. Os resultados positivos na operação deste
novo veiculo levou o comando do Exército Norte Americano (US Army) a
implementar um processo de concorrência para definição de um fabricante que
fosse capaz de oferecer a melhor relação de custo beneficio para a
produção em massa de um veículo leve 4X4 baseado no projeto original do Coronel
R.G Howie . Foram convidadas a participar desta concorrência 135 fabricantes
automotivos americanos, porém devido ao cenário beligerante em que a Europa
mergulhava neste mesmo período , uma das principais exigências do processo era
seu caráter de urgência, onde se colocava um prazo de apenas para que fossem
apresentados protótipos funcionais para testes. Destas empresas aceitaram o
desafio somente a Ford Motor Company, American Bantam e Willys-Overland,
no entanto somente a Bantan conseguiu apresentar um protótipo real
dentro do prazo pré-estabelecido. Os testes foram realizados no quartel
general em Baltimore, entre 27 de setembro a 16 de outubro de 1939,
sendo acompanhados inclusive por representantes técnicos da Ford e da
Willys que tiveram ampla oportunidade de estudar o desempenho do veículo.
Apesar de se sagrar vencedora a American Bantam, não
dispunha da capacidade industrial e estabilidade financeira - fiscal para o
atendimento de um contrato deste porte. A fim de sanar esta deficiência o
Departamento de Guerra Norte Americano cedeu as plantas originais da Bantam
para a Ford e a Willys, alegando que o projeto era de propriedade intelectual
do governo. Esta decisão não foi contestada principalmente a sua precária
situação financeira, assim em novembro de 1940, Ford e Willys apresentaram
protótipos para competir com a Bantam nos testes do Exército. Os testes
comparativos entre os três modelos apresentaram resultados positivos
semelhantes , levando a uma evolução que resultaria no Mark II denominado
como BRC 60. A pressão em que os Estados Unidos e suas forças armadas
estavam neste período, que antecedeu a entrada dos americanos no conflito levou
a decisão de se aceitar os três modelos, com os primeiros contrato de produção
pré série englobando 1.500 veículos inicialmente destinados a Bantam.
Em termos de características visuais o
Bantam se destacava por sua frente arrendonda , bem no estilo apesar
de apresentar um design da traseira é semelhante às traseiras do veiculo
da Willys e da Ford típico do final dos anos da década de 1930.
Para o processo de produção o BRC-60 foi redesignado como BRC-40, com a
montagem sendo iniciada em 31 de março de 1941. O segundo contrato previa
a entrega de 16.000 carros foi repassado a Willys-Overland que designou o
modelo como MA Quad, em outubro do mesmo ano a Ford passou a receber os maiores
contratos de produção. No início, o projeto tinha como nome GP, que
significava General Purpose Vehicle, ou veículo para uso geral. As pessoas
chamavam o carro pelo acrônimo GP (em inglês), que soava como "jeep".
Outro fator curioso também ajudou a popularizar este nome. A palavra "jeep"
era a única pronunciada por um personagem de quadrinhos da década de 30 chamado
Eugene, que era o bicho de estimação de Olívia Palito, namorada o marinheiro
Popeye. Eugene tinha poderes superiores, tais como caminhar pelas paredes e
tetos. Graças a popularidade de Eugene alguns soldados começaram a chamar seus
veículos de JEEP em alusão a seus poderes.
Durante a Segunda Guerra Mundial,
Willys-Overland produziu 363.000 Jeeps e Ford cerca de 280.000 e
aproximadamente 51.000 foram exportados para a União Soviética sob o programa
Lend-Lease.No pôs guerra o modelo continuou em produção pela Willys, pois a
Ford foi judicialmente impedida de fazer uso da marca Jeep, desta maneira o
novo modelo designado M-38 (MC) entrou em produção em 1950 sendo descontinuado
somente em 1964 após 167.345 unidades fabricadas. Os carros construídos durante
a Segunda Guerra Mundial permaneceram em uso em diversas forças armadas no
mundo até fins do século XX.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter
uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas quanto no
estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de
portos na região nordeste. Por representar o ponto mais próximo entre o
continente americano e africano a costa brasileira seria fundamental no envio
de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu.
Como contrapartida e no intuito de se modernizar as forças armadas brasileiras
que até então eram ainda signatárias da doutrina militar francesa estavam
equipadas com equipamentos obsoletos oriundos da Primeira Guerra Mundial
decidiu-se fornecer ao pais os meios e as doutrinas para uma ampla modernização
, este processo se daria pela assinatura da adesão do Brasil aos termos
do Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos) ), que viria
a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de
dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao pais acesso a
modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate.
Praticamente o Exército Brasileiro receberia o
maior numero e veículos de transporte, entre estes 1985 unidades do famoso Jeep
4X4, não existem registros exatos sobre as quantidades exatas dos modelos
Ford e Willys-Overland. Os primeiros carros começaram a ser recebidos
no Brasil em 1942 e mesclavam veículos novos e usados e existem relatos de
alguns raríssimos Willys MA (sem registro) e "Slatt Grill"
("grade de grelha"), raríssimos Ford GP (sem registro) e Bantam
BRC-40 (ao menos um exemplar existente), todos estes fabricados em 1941,
estarem entre as primeiras unidades que chegaram ao Brasil. Estes modelos da
fase de pré-produção, foram enviados para muitos países aliados nos termos do
Leand & Lease (Inglaterra, Rússia, China, Brasil). O advento do recebimentos
destes carros em muito contribuiu no processo de moto mecanização em larga
escala no Exército Brasileiro, muito por ser um veículo de desempenho inédito
com qualidades práticas que nenhum outro veículo em uso nas forças armadas
brasileiras apresentava até então
Do lote inicialmente destinado ao Brasil, 655
unidades foram destinadas a equipar as unidades pertencentes a Força
Expedicionária Brasileira e também as duas unidades da Força Aera Brasileira e
foram entregues na Itália sendo retiradas do estoque do 5º Exército
Norte-Americano, algumas das viaturas recebidas eram “veteranas de guerra”,
pois haviam sido utilizadas nas campanhas da Sicília e Norte da África. Um dos
principais motivos para a FEB receber algumas viaturas já utilizadas, era a necessidade
de remanejamento de material para a operação Overlord no Norte da França (Dia
D).As viaturas recebidas eram de número inferior às necessidades de nossa
tropa, e nossos motoristas, após um breve treinamento de direção já em solo
italiano, cuidavam delas com muito carinho, como se fossem verdadeiras “damas”.
Prova disso, é que todas possuíam nomes pintados em sua lataria, alguns fazendo
referência às “pessoas amadas” que ficaram no Brasil. Podemos citar, como
exemplo, o Jeep FEB 330 que recebeu o nome DELOURDES e o Jeep FEB 310 com nome
de MACACA. Até o Jeep do Gen Mascarenhas atendia pelo nome de LILIANA,
homenagem do Cmt da FEB à sua filha. Vale citar que as as as chaves de
ignição das viaturas, soldadas aos painéis para evitar o risco de perdê-las.
Outra curiosidade importante, era que nossas viaturas não possuíam uma
numeração catalogada pelo Exército Brasileiro e sim padronizada a pelo
Exército Americano, o que de certa maneira, dificultava um pouco o controle do
material por parte dos escalões responsáveis da FEB. Por outro lado, facilitava
em muito o lado das pracinhas brasileiras, que conseguiam repor rapidamente as
viaturas perdidas em combate. Os americanos, em algumas missões, deixavam suas
viaturas encostadas, camufladas e sem ninguém para tomar conta delas; bastava
passar por aquele local uma patrulha brasileira que, ao observar a viatura
americana sem sentinela para vigiá-la, a “pegava emprestada”, já que a chave de
ignição estava no painel.Das unidades recebidas no teatro de operações italiano,
total 09 estavam configurados na versão de ambulância transportando feridos até
os hospitais de campanha com muito boa eficiência, no Batalhão de Saúde, junto
a outros tipos de veículos. Nas demais unidades da FEB, junto ao destacamento
de saúde, existiram jipes ambulâncias, na maioria das vezes apenas um por
unidade. Muitos veículos militares podiam ser convertidos em transportes de
pacientes com ligeira modificação ou não da estrutura, mas a viatura Jipe de
1/4 tonelada e seu reboque faziam parte do equipamento padronizado das seções
do batalhão de saúde e de muitas outras unidades do Exército norte-americano e
seus aliados. Quase sempre estavam ao alcance e eram adaptados facilmente para
transportar feridos ou doentes.
· Características Técnicas:
País de origem:
EUA
Fabricante: Ford Motors – GPW & Willys
Overland - MB
Modelo: Jeep-Ford & Wyllis Overland;
Peso:
1.054 Kg;
Peso
Carregado: 1.417 kg;
Comprimento:
3,36 m;
Largura:
1,85 m;
Altura:
1,77 m;
Inclinação:
60%;
Motor: Willys MB 2.2 litros in-line de 4 cilindros;
Velocidade
Máxima: 105 km/h;
Alcance:
480 km
Tanque de
Combustível: 57 litros.
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