· Canhão 37mm M3:
O
canhão M3 37mm Gun foi uma arma antitanque introduzida pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
Em 1937 o Exército dos Estados Unidos começou o desenvolvimento de uma arma leve
antitanque. O resultado foi muito similar a Pak 36 de produção nazista. Oficialmente adotada em outubro de
1938 e produzida em 1940.
O M3 foi útil na guerra no pacífico
contra os tanques e fortificações Japonesas. Porém a campanha contra o Eixo no
Norte da África mostrou que a arma não era tão forte contra a armadura Alemã.
No final da
primeira metade da década de 1930 o Exercito dos Estados Unidos dispunha como
arma de maior calibre metralhadoras .50 (12,7mm) nas unidades de infantaria,
embora já houvessem estudos em curso para a adoção de uma arma de maior calibre
para emprego contra veículos automotores e carros blindados, este processo
ainda era tido como embrionário gerando pouco interesse por parte dos oficiais
militares de alta patente. O eclodir da Guerra Civil Espanhola em 17 de julho
de 1936 iria descortinar uma nova realidade em termos de combate moderno, no
campo das forças terrestres o largo emprego de unidades blindadas por ambos os
lados proporcionou o ambiente necessário para o uso de artilharia anti-tanque.
Essa realidade levaria o Exercito Americano a repensar este conceito,
vislumbrando a necessidade em se dispor de uma arma de modelo com rápida
cadência de fogo e boa capacidade de manobra, esforços foram concentrados neste
processo e em janeiro de 1937, o Comitê de Artilharia recomendou o desenvolvimento
de tal arma em regime de urgência.
Estudos
preliminares apontaram para a analise de peças de artilharia semelhantes já
disponíveis no mercado entres estes estavam o sueco Bofors, os tchecoslovacos
vz. 34 e vz. 37, o japonês Tipo 94, e por fim o alemão Rheinmetall 37mm PaK. A
decisão recaiu sobre o modelo alemão, levando a aquisição de duas unidades
deste canhão anti- tanque. Após o recebimento estas peças foram encaminhadas ao
campo de provas de Aberdeen em maio de 1937, os resultados positivos deste
processo levaram a decisão de se basear o novo projeto neste canhão de 37 mm,
com o desenvolvimento sendo iniciado logo em seguida sob supervisão de
representantes das unidades de infantaria do exército. Em 09 de setembro de
1937 foi dada a autorização para a construção de protótipos funcionais,
nascendo assim o canhão 37 mm T3 montado sobre o suporte / reboque T1.
Divergências entre os futuros usuários levaram a alteração do reboque, sendo
este designado como T1E1, já nesta nova configuração os protótipos foram
submetidos a um exaustivo processo de teste no campo de provas de Aberdeen,
revelando muitos defeitos, em especial a instabilidade do reboque. Um novo
modelo designado T5, foi testado como tentativa de substituir e superar os
defeitos do T1 e no verão de 1938, o consenso foi de que a melhor combinação
era o modelo de canhão T10 com o reboque T5.
A combinação ideal
definida no processo de testes em Aberdeen foi oficialmente adotada em 15 de
dezembro de 1938, recebendo a designação de canhão 37mm M3 com suporte/reboque
M4, os primeiros contratos de produção envolvendo uma pequena quantidade destas
peças de artilharia foram firmados, com sua produção começando lentamente,
sendo a arma fabricada no Arsenal de Watervliet e o reboque no Arsenal de Rock
Island. Embora este modelo seguisse o conceito do cahão alemão Rheinmetall 37mm
PaK 36 e fosse geralmente referido com uma copia deste, na verdade o M3 diferia
diferiu significativamente do design alemão e empregando inclusive munição
diferente. Seu cano O cano era de construção forjada de peça única, com fuzil
uniforme (12 ranhuras, torção do lado direito, um giro em 25 calibres). A
extremidade da culatra do cano foi enroscada em um anel. O mecanismo da culatra
era do tipo deslizante vertical, com o cano sendo equipado com um sistema de
recuo do tipo hydrospring. O reboque apresentava a configuração do tipo split
trail, com pneus pneumáticos, montados no eixo ao lado das rodas estavam os
"segmentos das rodas"; estes eram suportes em forma de segmento que
podiam ser baixados para fornecer mais estabilidade na posição de disparo ou
levantados de modo que não impedissem o movimento da arma. A mira telescópica
no M6 e os dois controles de elevação e de deslocamento estavam localizados no
lado esquerdo, de modo que um artilheiro conseguiu apontar a arma. A engrenagem
transversal tinha um mecanismo de liberação que permitia o livre movimento do
cano no caso de ser necessário um avanço rápido.
O M3 recebeu seu
batismo de fogo durante a defesa das Filipinas em dezembro de 1941, teve
destacada participação na Campanha de Guadalcanal, onde foi empregado com
sucesso contra os carros de combate e a infantaria japonesa. Ao longo da
campanha do Pacifico esta peça de artilharia permaneceu eficaz contra veículos
japoneses, que eram pouco blindados e raramente atuavam em grandes
grupos. O peso leve da arma facilitou a movimentação por terrenos
difíceis; por exemplo, quando atacados por tanques japoneses em Betio durante a
Batalha de Tarawa, nesta ocasião os fuzileiros navais foram capazes de levantar
o M3 sobre o paredão de 1,5 metros. Enquanto a munição do tipo alto explosivo,
mostrou-se útil para deter ataques de infantaria do exército japones, a missões
de ataque a fortificação mostraram-se pouco eficazes, no entanto sua eficácia
geral e facilidade de uso e movimentação no campo de batalha mantiveram o M3 em
serviço no Corpo de Fuzileiros Navais e com algumas unidades do exército no
Pacífico até o final da guerra. A experiencia do modelo na Campanha do Norte da
África foi completamente diferente, pois o calibre não era suficiente para
fazer frente aos carros de combate Panzer III e IV. Após a desastrosa
Batalha de Kasserine, em fevereiro de 1943, relatos de algumas das unidades envolvidas
mencionaram projéteis de 37 mm mal arranhavam os blindados alemães
Inicialmente, o Exército estava incerto se esses relatos refletiam a
obsolescência da arma, ou se táticas não-refinadas e falta de experiência eram
as culpadas. Avaliaçoes mais detalhadas levaram ao inicio da substituição dos
M3 a partir de 26 de maio de 1943, pelos canhões M1 de 57mm (a versão
norte-americana da arma britânica de 6 libras).
Quando a campanha
italiana foi lançada, os M3 presenciaram ação desde o dia do desembarque na
Sicília em 10 de julho de 1943. Naquela oportunidade, as armas de 37 mm
demonstraram mais uma vez sua eficácia contra tanques anteriores à guerra,
quando ajudaram a repelir um ataque de uma divisão italiana equipada com os
tanques Renault R 35s. Porém novamente apresentaram a mesma incapacidade de
lidar com as ameaças modernas, quando confrontados com os modernos tanques
Tiger alemães. O teatro italiano tinha uma menor prioridade para o
reequipamento do que o noroeste da Europa, e alguns M3 ainda estavam em uso na
Itália no final de 1944, ao contrário dos demais fronts de batalha onde o M1 57
mm substituiu completamente o M3 na primavera do mesmo ano. Entre 1940 e 1943
seria produzida 18.702 peças, dispostas em três versões básicas. Durante o
conflito estes modelos seriam fornecidos as nações aliadas nos termos do Leand
& Lease Act, já no pós guerra milhares de unidades foram cedidas a países
alinhados com os interesses do governo norte americano, se mantendo em serviço
até fins da década de 1970.
Durante a Segunda
Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no
fornecimento de matérias primas quanto no estabelecimento de pontos
estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região
nordeste. Por representar o ponto mais próximo entre o continente americano e
africano a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos,
suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Como contrapartida e no
intuito de se modernizar as forças armadas brasileiras que até então eram ainda
signatárias da doutrina militar francesa estavam equipadas com equipamentos
obsoletos oriundos da Primeira Guerra Mundial decidiu-se fornecer ao pais os
meios e as doutrinas para uma ampla modernização , este processo se daria pela
assinatura da adesão do Brasil aos termos do Leand & Lease Bill Act
(Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que viria a criar uma linha inicial de
crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de
material bélico, proporcionando ao pais acesso a modernos armamentos,
aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Entre estes equipamentos
estavam os primeiros canhões modernos a serem recebidos em grande numero
variando de calibres de 37 mm a 305 mm, representando um grande avanço para a
artilharia do Exército Brasileiro.
Parte destas peças de artilharia deveriam ficar
no Brasil para equipar as unidades mecanizadas do Exército Brasileiro, e outra
parte estava destinada a compor os efetivos da Força Expedicionária Brasileira
que se preparava para lutar na Itália. Não existem registros concretos ou
fotográficos sobre o real emprego dos canhões anti-tanque M3 e M3A1 em ações
reais de combate, especula-se que, no entanto, estas peças de artilharia foram
empregadas com afinco no processo de treinamento ministrado pelo Exército
Americano para pracinhas brasileiros já em solo italiano. Outra teoria
corrobora que o front italiano não estava entre os prioritários e que não
recebia a mesma atualização em termos de armamentos mais moderno a exemplos de
outros teatros de operação. Assim sendo, V Exército Americano, comandado
pelo General Mark Clark, e ao qual a FEB estava integrada, tinha mais canhões
37 mm do que 57 mm, e os relatórios oficiais indicam o uso dos M3 37 mm até o
fim de 1944. O pesquisador norte-americano Steven j. Zaloga, em seu livro
"US anti-tank artillery 1941-45" diz, no capítulo referente ao
combate anti-tanque na Itália, que devido a topografia do país, e,
consequentemente, seus campos de batalha, serem extremamente acidentados,
montanhosos, as unidades anti-tanques preferiam as peças de 37 mm M3, por serem
extremamente mais leves e manobráveis em relação às de 57mm, estas peças mais
leves tinha ainda a possibilidade de serem tracionadas por jeeps ao contrários
dos canhões M1 de 57 mm que necessitavam ser rebocados por carros meia lagarta.
A exemplo da
formatação original do Exército Americano os canhoes anti-tanque M3 podem ter
sido empregados em conjunto com os M1 sendo operados 1º Regimento de Infantaria
– Sampaio, 6º Regimento de Infantaria – Ipiranga, 11º Regimento de Infantaria –
Tiradentes e também pela Companhia Anti Carros. Ao termino do conflito todos os
canhoes M3 e M3A1 Anti-Tanque 37 mm foram despachados ao Brasil,
juntamente com os demais carros e equipamentos empregados pela Força
Expedicionária Brasileira na Itália. Já recebidos no Rio de Janeiro foram
incorporadas as demais 48 peças do mesmo modelo que foram recebidas nos termos
do Leand Lease Act em 1942, passando a dotar diversos regimentos de infantaria,
sendo tracionados pelos carros blindados M3A1 Scout Car e por também por jeeps
e Dodges WC-51 e WC-52 Beep 4X4. Já em uso o modelo apresentava a vantagem de
empregar a mesma munição dos canhões de 37 mm dos carros de combate M3 Stuart,
entre estes de treinamento (sem carga explosiva), a A.P.C. (Armor-Piercing
Capped), também sem carga explosiva e a H.E. M63, com carga explosiva. A H.E.
M63, que é a ilustrada aqui, possuía um projétil feito em aço, oco em seu
interior, com o fundo rosqueado para a montagem do dispositivo detonador. A
parte oca do projétil era preenchida com 38,5 gramas de TNT, detonadas pela
espoleta de impacto M58. A carga propelente era de 222 gramas de pólvora FNH. O
peso total do cartucho H.E. era de 1,419 Kg. Seu alcance máximo era de 9.500
metros com uma velocidade inicial do projétil de 2.600 pés/seg, ou 790 m/seg. A
penetração em blindagem de aço chegava a cerca de 6,0 cm a 500 metros.
Apesar do M3 37 mm Anti-Tanque ser considerado
uma arma anti-tanque ultrapassada já na década de 1950, seu moderado peso por
volta de 400Kg permitia que fosse rebocado até por jipes, necessitava de uma
pequena guarnição de 4 homens, características estas que estenderiam a vida
útil deste canhão anti-tanque no Exército Brasileiro. Em 1960 mais unidades
agora do modelo M3A1 seriam recebidas dentro dos auspícios do programa do
Acordo Militar Brasil – Estados Unidos, esta nova versão produzida a partir de
1942 diferia do original por contar com a extremidade final rosqueada para
permitir a instalação de sistema de um freio de boca, acessório este que nunca
chegou a ser instalado. Dispondo de mais unidades do M3 e M3A1, em seu acervo o
Exército Brasileiro aumentou a base de distribuição destas peças que até então
estavam concentradas nos Regimento de Infantaria, passando a compor também
alguns Esquadrões de Reconhecimento Motorizado. Entre eles o 4º de Juiz
de Fora que levarias seus M3 tracionados por Dodges WC-51 durante os
deslocamentos de blindados para participação nos esforços de demonstração de
força durante a Revolução ou Contra Revolução de 1964, movimento deflagrado no
dia 31 de março deste mesmo ano.
· Características técnicas:
Tipo: Antitanque
Local de origem: Estados Unidos
Data de criação: 1938
Período de produção: 1940–1943
Quantidade produzida: 18 702
Variantes: M3, M3A1
Peso: 413.68 kg
Calibre: .37 mm
Velocidade de saída: 5-20 rajadas por minuto
Alcance efetivo: APCBC: 6,850 m, HE: 11,700 m
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