segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Evolução do Armamento_Vitrine 16




Vitrine 16 – CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA


·         CLAVINAS MANNLICHER


Esta clavina, chamada aqui de Mannlicher (apesar de não ser de autoria do inventor deste nome, Ferdinand Ritter von Mannlicher), foi adotada em 1892 para substituir as Winchester e Spencer. Era uma arma sob alguns aspectos revolucionária, pois além te ter todas as vantagens da carabina do mesmo sistema, tinha uma adicional: usava a mesma munição da arma de infantaria. Isso pode parecer bobagem, mas foi a primeira vez na história do país em que isso aconteceu e certamente facilitou em muito os problemas de fabricação e suprimento de munições para a tropa.
Mas, se por um lado era uma arma revolucionária, também era problemática. Além de ter os mesmos defeitos que a carabina tinha, ainda era uma clavina clássica, ou seja, não tinha previsão para montagem de uma baioneta, sendo destinada apenas para o uso montado a cavalo, que em teoria, usaria o seu sabre como arma de choque. Tendo em vista este objetivo, era adaptada para o uso do homem à cavalo, com a alavanca do ferrolho dobrada e achatada. Contudo, não tinha a tradicional argola para prender no arção da sela, tendo uma bandoleira colocada na lateral da arma – um pequeno indicativo de que, cada vez mais, o cavalariano seria um soldado destinado a combater a pé e não a cavalo.
A substituição das clavinas mais antigas se deu de forma bem mais rápida do que na Infantaria, de forma que as Mannlicher já eram de uso geral durante a Revolta da Armada e Revolução Federalista.
Posteriormente, como todas as armas que iam ficando obsoleta, foi entregue à clubes de tiro e polícias estaduais, ou até mesmo comprada diretamente por elas, pois agora as Forças Públicas estaduais podiam se equipar diretamente, sem recorrerem ao Exército.

Características técnicas:

Calibre: 7,92 x 57  mm
Comprimento: 99,5 cm
Peso: 3,23 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 500 m
Alça de mira: de 200 a 1200 metros
Carregador: 5 cartuchos
Cadência de fogo (útil): 22 tiros por minuto
Cadência de fogo (máx): 40 tiros por minuto






·         FUZIL MANNLICHER


Nomenclatura: Fuzil M1888

 Projetado pelo engenheiro e designer de armas austríaco Ferdinand Ritter von Mannlicher, que usava uma versão refinada do seu revolucionário parafuso de ação de tração direta.

Foi inicialmente adotado e empregado pelo exército austro-húngaro durante a Primeira Guerra Mundial e mantido no pós-guerra pelos exércitos austríaco e húngaro. O principal usuário estrangeiro foi a Bulgária, que, a partir de 1903, adquiriu um grande número e continuou a utilizá-lo nas guerras nos Balcãs e na Guerra Mundial. Após a derrota da Áustria-Hungria na Primeira Guerra Mundial , muitos foram dados a outros estados dos Balcãs como reparações de guerra. Vários desses rifles também foram usados ​​na Segunda Guerra Mundial, particularmente por unidades de segunda linha, reservistas e partidárias na Romênia, Iugoslávia, Itália e, em menor grau, na Alemanha. No pós-guerra, muitos foram vendidos como excedentes baratos, com alguns chegando às mãos dos guerrilheiros africanos na década de 1970, e muitos outros sendo exportados para os Estados Unidos como armas de fogo esportivas e colecionáveis.

A empresa Haenel a pedido de alguns países da América do Sul solicitaram alguns exemplares em calibre 7mm X 57 Mauser, com a finalidade de testes e avaliações técnicas.
O Governo Brasileiro decidiu substituir as carabinas Comblain pelos fuzis 1888, aqui equivocadamente chamados de Mannlicher.  As armas haviam sido distribuídas à tropa em 1892, antes do início da Revolução Federalista, o que indica que foi a escolha final da Comissão Técnica Militar Consultiva.
Após a sua adoção e utilização em combate, os problemas começaram a surgir, provenientes de excesso de poeira, escape de gases e muitos outros eventos, alguns insolucionaveis.
Curiosamente, a carabina de fabricação Mauser modelo 1889, que havia sido adotada pela Bélgica, claramente superior à carabina modelo 1888, ficou em segundo lugar nos testes, talvez devido ao fato de ainda não estar disponível no mercado, ou por não estarem ainda em uso oficial em nenhum país.
Apesar disso, frente às carabinas Comblain, a arma era muito superior em termos de balística, precisão, cadência de tiro e potência.
De qualquer forma, as modelo 1888 foram revolucionárias por uma série de aspectos: era a primeira arma de repetição de uso geral da infantaria brasileira, a primeira que usava cartuchos de pólvora sem fumaça, de alta velocidade inicial e a primeira de calibre reduzido (7,92 mm versus o normal até então, de 11 mm). Além disso, era municiada com cinco cartuchos colocados em um carregador metálico. Este ficava na arma até o último cartucho ser disparado, sendo descartado automaticamente em seguida, característica que aumentava em muito a cadência de fogo possível da arma, especialmente em relação às de carregador tubular.



Características técnicas:

Calibre: 7,92 x 57  mm
Comprimento: 124,5 cm
Peso: 4,4 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 500 m
Alça de mira: de 250 a 2.050 metros
Carregador: 5 cartuchos
Cadência de fogo (útil): 22 tiros por minuto
Cadência de fogo (máx): 40 tiros por minuto




·         FUZIL MAUSER



Nomenclatura: Mauser M1908

Em 1908, houve uma grande aquisição do governo republicano junto à D.W.M. (Deutsche Waffen und Munitionsfabrik) de Berlim , Alemanha, com os novos modelos Mauser 1898, que aqui passaram a ser denominados de modelo 1908.
O fuzil Mauser de 1908 tinha o aspecto de arma de longo alcance, foi com ele que São Paulo enfrentou tropas de todo o Brasil na Revolução de 1932, além de fazer parte das fracassadas guerrilhas comunistas de 1964.
Durante a Primeira Guerra Mundial a arma de longo alcance era obsoleta, o que não impediu que o governo pedisse uma grande remessa em 1935 à Tchecoslováquia, detentora da produção em tal época. O Exército Brasileiro usou tais armas até 1958.
Era muito semelhante ao fuzil G98 alemão, mantinha o calibre tradicional brasileiro e certas modificações para atender as necessidades do país, como a alça de mira, mais simples e barata.
A aquisição inicial de 1908 feita pelo governo brasileiro serviu para equipar as tropas por meio da substituição dos Mauser 1894, uma vez que o modelo atualizado utilizava munição pontiaguda, que possui maior alcance devido à aerodinâmica, bem como causa mais danos ao alvo.


Características técnicas:

Calibre: 7 x 57  mm
Comprimento: 125 cm
Peso: 4,10 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 600 m
Alça de mira: de 100 a 1200 metros
Carregador: 5 cartuchos



·         PISTOLA LUGER 


Nomenclatura: Luger P08

A pistola Luger P08 foi uma antiga pistola fabricada na Alemanha. Foi considerada como o maior souvenir da Segunda Guerra Mundial. Esta pistola foi adotada pelo exército alemão em 1908 (daí o nome P08) e dois milhões de unidades foram fabricadas entre 1914 e 1918 (1918 não foi o ano final de produção).
A Luger teve suas origens em um projeto inicial de Hugo Borchardt em 1893. Mais tarde foi patenteada por George Luger que a aprimorou e desenvolveu para produção em série. A arma acabaria levando seu nome até o final. A produção inicial foi feita pela fabricante de armas Deutsche Waffen-und Munitionsfabriken (DWM), a partir de 1900. Estima-se que foram produzidas em torno de 35 versões diferentes, por diversos fabricantes. O modelo com o calibre 9 x 19 mm, no Brasil foi adotado pela Marinha e Exército em 1904 e 1908 respectivamente. É o calibre de dotação padrão (para pistolas) da OTAN e dos exércitos de praticamente todos países do ocidente, inclusive o Brasil


Características técnicas:

Origem: Império Alemão
Calibre: 9 mm Parabellum
Comprimento: 23 cm
Peso: 850g
Alcance útil: 500 m
Carregador: 8 cartuchos
Cadência de fogo (útil): 20 tiros por minuto



·         CARABINA WESTLY – RICHARDS



Patenteada na Inglaterra em 1871, a carabina escolhida para armar os fuzileiros navais e marinheiros, a Westley-Richards, saiu das mesmas experiências que levaram à escolha, pelo exército, da Comblain. Apesar de ser uma arma diferente, tem um sistema de funcionamento semelhante em dados gerais: ao puxar a alavanca (neste caso independente do guarda mato, recobrindo-o), o bloco tombava para frente e para baixo, abrindo a câmara e ejetando um cartucho que lá estivesse.
Adotada pelo Exército Brasileiro em 1872, continuou em uso até 1884, apesar de já dois anos antes, a Comissão de Melhoramentos do Material do Exército (que tinha membros da Marinha e avaliava material para ela também) ter recomendado a sua substituição pela Kropatschek, de repetição. Sabe-se, contudo, que continuaram em uso limitado depois daquela data, pela Marinha e sabe-se que o Exército Brasileiro as usou também, apesar de nunca terem sido de distribuição regulamentar. Ocorreu com batalhões de voluntários, durante a Revolta da Armada e Revolução Federalista (1893-1895).


Características técnicas:

Origem: Inglaterra
Calibre: 11,43 mm
Comprimento: 123,5 cm
Peso: 3,99 kg
Raias: 9 a direita
Alcance útil: 500 m
Alça de mira: 1000 m
Cadência de fogo (útil): 8 tiros por minuto





·         FUZIL KROPATSCHEK



Nomenclatura: Kropatschek 1878
A Marinha Francesa optou por não adotar o rifle Gras e continuou a usar o Chassepot com cartucho de papel e agulha no final da década de 1870. Quando finalmente decidiram adotar um novo rifle de cartucho metálico, decidiram pular direto para um repetidor. Os testes foram feitos em 1877 de Winchester-Hotchkiss, Krag-Petersen e Kropatschek, e o Kropatschek com base no sistema desenvolvido pelo general austro-húngaro Alfred von Kropatschek foi o vencedor. Como a Marinha Francesa não precisava de muitos rifles, optou por comprá-los diretamente da fábrica pela empresa de armamentos Österreichische Waffenfabrik-Gesellschaft (O.E.W.F.G.), de SteyrÁustria, que possuía os direitos do sistema. Um pedido de 25.000 unidades foi feito em 1878 e as entregas foram concluídas em 1881.

No Brasil, em setembro de 1882, o Conde D’Eu, presidente da Comissão de Melhoramentos do Material do Exército, após esta ter examinado as Kropatschek a pedido do Ministério da Marinha, recomendava a adoção da arma na esquadra, em substituição das Westley-Richards, nos seguintes termos:
"a conveniência de fazer-se aquisição de armas de tiro múltiplo, ou de repetição para as praças dos nossos navios de guerra, em substituição das armas Westley-Richards – que possui e que já não são as mais próprias, entretanto que para elas pretende-se, segundo consta, encomendar para a Europa avultado cartuchame, venho submeter à consideração do Governo Imperial semelhante proposta, cabendo-me declarar que a mesma Comissão julga poder ser adotada para o mencionado serviço da marinha a arma de repetição denominada – Kropatschek – da qual possuímos alguns specimens, que tem sido experimentados por vários países sendo por alguns deles adotada".

Essa compra de armas francesas, de calibre 11 mm, foi feita, dando à Marinha uma vantagem em relação às tropas de terra: os fuzileiros navais passaram a dispor de uma arma de repetição, enquanto a tropa de terra ainda tinha que se valer das Comblains. Essa encomenda, de armas do modelo Francês, chegou em 1884, sendo elas experimentadas pela primeira vez nas manobras anfíbias de fevereiro de 1885.

Em 1885, o Exército Português tinha feito experimentos com um fuzil de desenho local, o Guedes, uma arma de tiro simples e culatra tombante, semelhante em conceito a Comblain e Westley-Richards aqui usadas. Do ponto de vista técnico, portanto, não era nenhuma novidade, a não ser pelo revolucionário cartucho de pólvora sem fumaça e de calibre reduzido, o primeiro a ser adotado em todo mundo. 40.000 armas desse modelo foram encomendadas à fábrica Steyr, na Áustria, já que Portugal não tinha condições de fabricá-las.
Mas o mecanismo da Guedes era obsoleto – naquele ano já não era imaginável armar a tropa com armas de tiro simples, de forma que mentes lúcidas do Exército Português perceberam o erro e suspenderam a encomenda após apenas um pequeno número de Guedes ter sido feito. Ao invés, foi encomendado à Fábrica Steyr a fabricação de fuzis Kropatschek, usando a munição desenvolvida para o Guedes.
Com a introdução do modelo português, pouco depois da chegada das primeiras Kropatschek ao Brasil, ficou claro que a arma de nossa marinha não era ideal. Por azar das circunstâncias, a carabina tinha ficado obsoleta em apenas um ano. Desta forma que a Marinha logo procurou adquirir as armas do modelo português para substituir as então em uso, o que foi feito por volta de 1891 (o Jornal do Brasil, de 19 de setembro daquele ano, informava que o Ten.-Cel. Antônio Francisco Duarte tinha recebido ordens de comprar "cartuchos de pólvora sem fumaça, sistema Nobel, para carabinas Kruppcthcf (sic) do calibre 8 mm, pondo urgência na remessa das armas de repetição, já encomendadas").Novamente essa compra foi uma decisão infeliz. Naquele ano já estavam se fazendo testes para a escolha de uma nova arma para o Exército e o modelo escolhido era claramente superior à Kropatschek. A Mannlicher tinha um depósito de cartuchos vertical, que podia ser alimentado com carregadores de cinco cartuchos e, desta forma, a nova Kropatschek já chegou ao Brasil obsoleta, tendo uma carreira na Marinha muito curta.
Além da Marinha Brasileira, sabe-se que o Exército usou um pequeno número de armas desse modelo durante a Revolta da Armada, oriundas da própria Marinha, quando os depósitos da Armação foram capturados, pois ela já era obsoleta em 1892 e havia uma arma padrão melhor em uso, a Mannlicher, não havendo motivos para sua compra pelo Exército.

Características técnicas:

Calibre: 11 mm
Comprimento: 122,3 cm
Peso: 4,49 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 500 m
Alça de mira: de 350 a 1.800 metros
Carregador: 7 cartuchos
Cadência de fogo (útil): 10 tiros por minuto
Cadência de fogo (máx): 18 tiros por minuto



·         FRAGMENTOS DE GRANADAS


Fragmentos de granadas dos canhões Nordenfelt 57mm e do canhão Whitworth, utilizadas na Revolta da Armada 1893-1894.

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