segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Evolução do Armamento_Vitrine 21


Vitrine 21 – FIAT ANSALDO







A origem deste pequeno e notável carro de combate se baseou no projeto do veículo similar inglês Carden-Loyd Mk VI, modelo desenvolvido pela empresa Vickers-Armstrongs a pedido do Exército Real Britânico no inicio da década de 1920, tendo por missões prioritárias tracionar peças de artilharia e reconhecimento no campo de batalha. Seu projeto foi refinado ao longo desta década e o seu modelo final obteve grande êxito no mercado de exportações com mais de 450 unidades comercializadas para mais de vinte países, servindo de base para o desenvolvimento de uma geração de carros de combate leves, entre estes o modelo japonês Type 92 Jyū-Sokosha, o polonês TKS e italiano CV3-33. O Exército Real Italiano assinou contrato em 1929 com a Vickers-Armstrongs para o aquisição de quatro carros e produção em licença pela empresa  de mais vinte e uma unidades que passariam a ser equipadas com duas metralhadoras 8 mm Fiat Mod. 14 tipo aeronáutica ou ainda  um lança-chamas FIAT-OCI. Entrando em serviço localmente estes carros receberam a designação no Exército Real Italiano de CV-29, sendo "CV" é uma abreviatura de Carro Veloce (italiano: "tanque rápido") e "29" como o ano da adoção.

A pedido do Exército Real Italiano, a equipe de projetos da fábrica Ansaldo, de Gênova, iniciou estudos para o desenvolvimento de um carro de combate leve sob lagartas. O primeiro carro foi completado em 1933, sendo produzido em conjunto a Fiat, após testes de aceitação um primeiro contrato seria celebrado com o governo fascista italiano para a aquisição de 300 carros designados como CV3-33 e que seriam destinados a função de controle de distúrbios urbanos. Uma versão melhorada começaria a ser desenvolvida em 1934, que culminaria em 1935 em um veículo leve, de dois lugares, artilheiro e motorista, recebeu a designação de “Tankette” – em virtude de seu pequeno tamanho apresentando 3,15 m de comprimento,1,28 m de altura e 1,40m de largura, baixo peso na ordem de 3.100kg. Seu projeto facilitava a locomoção em terrenos difíceis, podendo alcançar 42km/h em estradas e 12km/h em terreno acidentado, com autonomia de 140km, blindagem máxima de 13,5mm, impulsionado por um motor Fiat a gasolina, 4 cilindros em linha, 43hp, 2.746 cilindradas e refrigerado a água. A participação da Fiat se dá através dos motores que o equiparam, daí a denominação Fiat-Ansaldo. Em 1936 começaria a produção da versão designada CV3-35 que visualmente se diferenciava da versão anterior por apresentar a blindagem fixada por rebites ao invés de soldada e passava a dispor de duas novas metralhadoras Fiat Mod. 14/35 de 8 mm em substituição os originais FIAT-Revelli Mod. 1914 de 6,5 mm.

A implantação definitiva dos blindados no Brasil se deu a partir da chegada dos carros Fiat Ansaldo CV 3-35  Modelo II e ao idealismo do Capitão Carlos Flores de Paiva Chaves em1938. Muito embora esses carros não fossem os primeiros a serem adquiridos pelo Exército, foram de vital importância. As ideias do Capitão a respeito da novidade chamada carros de combate começaram a se materializar, concretamente, a partir de 1934, quando inicia um estágio na Escola de Cavalaria de Saumur e, no ano seguinte, serve no 13º Regimento de Dragões, em Melun, ambos na França, retornando ao Brasil no final de 1936. Este aprendizado foi muito importante, tanto que em 1937 foi nomeado Adjunto e Chefe da Seção de Motorização do Estado-Maior do Exército, criada a título experimental, onde organizou os estudos preliminares de motorização e mecanização. Em 1938, foi designado, por ordem do Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, para organizar o Centro de Instrução de Motorização e Mecanização (CIMM) e comandar a recém-criada subunidade-escola deste Centro, além de integrar a Comissão de Estudos de Motomecanização, uma novidade dentro do Exército Brasileiro.

Neste mesmo ano regressava ao Brasil, depois de ter observado o desenvolvimento das operações de guerra na Abissínia, então ocupada pelas tropas italianas, o General Waldomiro Castilho de Lima, que aconselha a compra dos modernos carros de combate leve Fiat-Ansaldo CV 3-35, da Itália, em razão de seu sucesso nas terras áridas em que se desenvolveu aquele conflito. Esses carros-de-combate, sem dúvida, foram o maior sucesso comercial da indústria bélica italiana, desta maneira seguindo a tendência de diversos que já haviam incorporado este blindado em suas fileiras, o governo brasileiro firma com a empresa Ansalvo um contrato para o fornecimento de um pequeno lote destes veículos. Os Fiat-Ansaldo, CV 3-35 II quando chegaram ao Brasil, foram recolhidos ao Depósito de Material Bélico, em Deodoro e, em 25 de maio de 1938, pelo Aviso no 400, foi criado o Esquadrão de Auto-Metralhadora do Centro de Instrução de Motorização e Mecanização, integrado à recém-criada Subunidade-Escola de Moto-Mecanização. Seu aquartelamento foi em Deodoro, ocupando parte de um edifício inacabado, e destinado à Escola de Engenharia (atual Escola de Material Bélico – EsMB). O próprio Capitão Paiva Chaves, com a ajuda de um sargento mecânico da Escola de Aviação, opera, um a um, os carros, os quais são levados do Depósito de Material até as novas instalações da subunidade.

Esses blindados foram usados na instrução e formação de pessoal até 1942, enquanto o Exército vinha recebendo material de origem norte-americano, moderno, desde o ano anterior, para equipar diversas unidades, inclusive as blindadas. Eles motivaram muito a oficialidade brasileira no emprego e utilização de veículos blindados. Os Fiat-Ansaldo CV 3-35 II não foram excluídos, ainda sobreviveram, alguns deles foram enviados para Recife, neste mesmo ano de 1942, como integrantes do Esquadrão de Reconhecimento da Ala Motomecanizada do 7º Regimento de Cavalaria Divisionário, sob o comando do 1º  Tenente Plínio Pitaluga, futuro comandante do 1º Esquadrão de Reconhecimento da FEB, única unidade de Cavalaria do Exército Brasileiro a lutar no teatro-de-operações da Europa, reforçando as tropas do General Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB. A seguir retornaram ao Rio de Janeiro, então Distrito Federal, sendo usados até o final da Segunda Guerra Mundial em 1945. Posteriormente, foram recolhidos a um depósito do Exército, e alguns foram para Polícia Militar do Distrito Federal, onde operaram até os anos 50. Outros  serviram como alvo em exercícios de artilharia e lança-chamas.

Durante e logo após a Segunda Guerra Mundial, a arma blindada brasileira foi inteiramente modificada e modernizada, passando a possuir blindados norte-americanos dos modelos M-3 Lee, M-4 Sherman e M-3 Stuart, os quais foram os sucessores dos Fiat-Ansaldo nas novas unidades criadas.

Características técnicas:
Fabricante: FIAT – Ansaldo
País de origem: Itália
Período de utilização no Brasil: 1938 até 1945
Total adquirido pelo EB: 23 carros
Emprego: Carro de combate leve
Motorização: FITA-SPA CV3 refrigerado a água com 43 hp
Alcance: 125 km
Velocidade: 42 km/h
Armamento: 02 metralhadoras Madsen 7mm ou 01 Breda 13,2 mm

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