Vitrine
14 – FINAL DO IMPÉRIO
Arma descendente do modelo francês “System Delvigne”
de 1871, o nagant M1895 é um revólver de sete tiros desenvolvido
pelo armeiro belga Léon Nagant para o Império Russo.
Inicialmente foi produzido na cidade de Liége na Bélgica passando a ser
produzido em 1898 pela empresa Tula na
Russia.
O
Brasil adquiriu em 1881 3.000 revólveres e estes, a partir de então, se
tornaram as armas regulamentares dos soldados de cavalaria e de artilharia a
cavalo, usando o mesmo cartucho da Winchester modelo 72/74
brasileira, modificado para percussão central.
Inicialmente,
os Nagant eram do tipo chamado "ação simples", ou "tiro
intermitente": o cão tinha que ser armado manualmente a cada disparo para
a arma funcionar. Além disso, era de extração manual: havia uma vareta fixa à
lateral do cano, que, alinhada à uma câmara, permitia a ejeção do cartucho
daquela câmara, a ação tendo que ser repetida seis vezes para esvaziar a arma.
Essas duas características o tornavam operacionalmente inferior ao Gerard que fora comprado para os oficiais, mas eram
consideradas como necessárias, pois temia-se que os soldados desperdiçassem
munições com uma arma de "tiro contínuo" (ação dupla) e extração
automática.
Com a sua adoção geral, tanto pelo Exército como pela Marinha, outras
compras foram feitas, sendo que a seguinte, de 1885, ainda teria sido de armas
de "ação simples", o que nos leva a crer que só com a República é que
foram compradas armas de "ação dupla" ou "tiro contínuo".
Essas compras foram em números relativamente elevados. Por exemplo, em 1899,
havia 5.668 Nagants em depósito, apenas no Rio de Janeiro.
Nestas novas armas, o cão podia ser armado tanto manualmente, como pela
ação do dedo no gatilho, o que aumentava em muito a cadência de tiro. A
extração manual continuava, contudo. As armas de ação simples e ação dupla são
muito semelhantes entre si, sendo que das primeiras há algumas feitas no
Império. Das que foram feitas na República, há algumas com marcas da marinha
("Marinha dos Estados Unidos do Brasil"), sendo que há armas
fabricadas pelos irmãos Nagant e outras por um consórcio alemão de Suhl. Este revólver
permaneceu em uso até 1937, quando começou a ser substituído pelos Smith & Wesson de calibre .45.
Características
técnicas:
País de origem: Bélgica
Calibre: 10,7 mm
Alcance útil: 50 m
Comprimento: 27,5 cm
Capacidade de munições: 07
Cadência de disparo: 14 TPM (tiros por minuto)
Peso: 1,11 kg
·
REVÓLVER SIMSON & SUHL
Nomenclatura:
Revólver Simson & Co. Richard
Uma das empresas de fabricação de
armas mais conhecidas de Thuringen (Alemanha) antes da Primeira Guerra Mundial,
a Simson & Co estava sendo operada em 1900 por Gerson & Julius
Simson. A propriedade foi passada para Leonhard, Julius, Max e Witwe
Jeanette Simson em 1914. O Deutsches Reichs-Adressbuch de 1925 registra os
produtos da Simson & Co como 'armas de caça e esporte, armas de pequeno
calibre, pistolas de pequeno calibre, pistolas automáticas, carros e
bicicletas' e listas uma filial em Berlim. A marca registrada habitual
consistia em um “S” sobreposto no centro de três pirâmides, embora o nome da
marca “Astora” seja encontrado em espingardas…. Simson tornou-se o
principal fornecedor de fuzis de ação Mauser do exército alemão em 1920 ... A
empresa tornou-se a Berlin-Suhler Waffen- und Fahrzeugwerke GmbH em
1932, mas foi nacionalizado à força em meados da década de 1930 e em 1940
havia se tornado uma divisão da Gustloff-Werke. O revólver Richard foi
fabricado em meados de 1880, o Brasil adquiriu algumas unidades neste período
pré-república.
Revólver
alemão Simson & Co. Richard;
Fabricação: Simson & Co. (Suhl,
Alemanha)
Calibre: 10,6 mm
Seis tiros e dupla ação;
Tambor octogonal com 6 tiros;
Segurança no lado esquerdo no
quadro acima das garras;
Carregamento do portão lateral;
Anel de corda.
·
FUZIL CHASSEPOT
O fuzil era fabricado pela Manufacture
d'Armes de St. Etienne (MAS), Manufacture d'Armes de Châtellerault (MAC) and Manufacture d'Armes de Tulle (MAT).
Vários destes fuzis foram fabricados sob licença na Inglaterra (Potts and
Hunt), Bélgica (diversas empresas de Lieja), bem como em Placentia e Brescia
(posteriormente Itália). O número aproximado de fuzis Chassepot disponíveis
para o Exército francês em 1870, era de 1.200.000 unidades. A fabricação do
Chassepot foi cancelada em fevereiro de 1875, quatro anos após o final da
Guerra Franco-Prusiana.
O Chassepot foi chamado assim em homenagem a seu inventor, Antoine
Alphonse Chassepot (1833-1905) que, desde 1857, tinha construído vários modelos
experimentais de fuzis de retrocarga. O desenvolvimento da Guerra de Secessão
norte-americana ou as mais próximas de Prússia contra a Dinamarca ou contra
Áustria demonstrou claramente a superioridade das armas de retrocarga com
cartuchos integrais (que incluem o fulminante). Baseando no sistema de agulha e
cartucho combustível do fuzil Dreyse, este desenvolveu seu próprio fuzil.
Em uma competição contra os sistemas Fave e Plumere, realizada em 11 de
julho de 1866 no campo de Châlons sul Marne, o sistema de Chassepot saiu-se
vencedor. No mês seguinte obteve a patente francesa pela invenção de um
"fuzil de agulha do chamado sistema Chassepot". Prevendo o sucesso de
seu sistema, registou também patentes na Bélgica, Espanha e Estados Unidos.
Em combate
Adotado para o serviço em momentos em que tinha lugar um intenso debate,
a raiz do sucesso obtido pelo fuzil prusiano Dreyse na Batalha de Sadowa (3 de
julho de 1866), no ano seguinte o Chassepot foi empregado em combate pela
primeira vez, na batalha de Mentana. As tropas francesas equipadas com
Chassepots derrotaram as forças dirigidas por Giuseppe Garibaldi devido ao
maior alcance e velocidade de disparo de seus fuzis, com respeito às obsoletas
armas de antecarga dos garibaldinos. O relatório enviado ao Parlamento francês
mencionava que "Lhes Chassepots
ont fait merveille!", em uma tradução livre: "os Chassepots fizeram maravilhas!". A
verdade era que as pesadas balas cilíndricas de chumbo disparadas a grande
velocidade pelo fuzil Chassepot produziam feridas bem mais graves do que as
produzidas pelo fuzil Minié.
O fuzil foi utilizado pelo exército francês pouco depois de terminada a
segunda intervenção francesa no México (1862-1867) e durante a Guerra
Franco-Prusiana (1870-1871), bem como em diversos conflitos coloniais
contemporâneos.
Na Guerra Franco-Prusiana, o Chassepot demonstrou ser superior ao fuzil
alemão Dreyse ao dobrar o alcance deste último. Apesar de ser de um calibre
inferior (11 mm diante de 15,4 mm do fuzil alemão), o cartucho do Chassepot
tinha maior quantidade de pólvora e, portanto, maior velocidade inicial (33%
superior à do Dreyse), obtendo uma trajetória mais estável e um maior alcance
(próximo aos 1.300 metros). Graças ao comprimento do cano, conseguia uma
precisão e penetração superiores. Os Chassepots foram responsáveis pela maior
parte das baixas prusianas durante este conflito.
O fuzil Chassepot foi substituído no Exército Francês, a partir de 1874,
pelo fuzil Gras, que empregava um cartucho metálico. Muitos dos Chassepots
foram modificados para usar este cartucho (Fuzil modelo 1866/74). Também foi
usado pelo Exército peruano e o pelo Exército boliviano na Guerra do Pacífico
(1879-1884).
No Brasil
O Brasil chegou a estudar a sua adoção para a guerra do Paraguai, sendo
ela uma das armas que passaram pelos testes competitivos que foram feitos a
partir de 1868. Não foi a escolhida, contudo, a Roberts sendo adotada para
testes em grande escala.
Apesar disso, em 1872, o Império se viu frente à uma nova ameaça de guerra
no Sul, em torno das excessivas reivindicações territoriais feitas pela
Argentina após a derrota do Paraguai (ela pedia cerca de 50% do território do
inimigo derrotado, o que não era aceitável para o Império).
Como uma forma de enfrentar a ameaça de conflito, o ministro da Guerra
informou no relatório daquele ano, que o governo tinha adquirido 8.631 "espingardas Chassepot, que foram compradas
por motivos que não são desconhecidos, e porque era a única espécie de arma
moderna de que havia provisão nos mercados da Europa".
Essas armas, entretanto, nunca foram distribuídas oficialmente ao
Exército, apesar da Comissão de Melhoramentos ter preparado e mandado publicar
uma edição de 3.000 exemplares de um manual dela. Não havia razões de
repassá-las para a tropa, quando já havia a decisão de compra das Comblain.
Características
técnicas:
Calibre: 11 mm
Comprimento: 130,5 cm
Peso: 4,14 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil:
300 m
Alça de mira: de 200 a 1200
m
Cadência de fogo (útil): 6
tiros por minuto
Cadência de fogo (max): 12
tiros por minuto
Velocidade inicial: 420 m/s
·
ESPADA DE OFICIAL
Espada do período imperial, transformada para
República com a remoção do brasão da coroa imperial e adição do Brasão da
República, um dos atuais símbolos nacionais.
·
CLAVINA WINCHESTER
Ao que tudo indica, a Winchester brasileira (modelo
1866 norte-americano) foi adquirida como uma solução de emergência - um
"provisório que virou definitivo". O Brasil tinha usado a Spencer com
grande sucesso na Guerra do Paraguai, mas a companhia fabricante tinha falido e
novas armas não estavam disponíveis no mercado norte-americano. Desta forma, quando
o Exército necessitou aumentar os seus estoques de armas de cavalaria, foi
feita uma compra de clavinas Winchester. Estas destinavam-se a armar os
esquadrões de atiradores dos regimentos de cavalaria de linha no Rio Grande do
Sul (e todo o 1º Regimento, no Rio de Janeiro), as Spencer ficando restritas
aos esquadrões e companhias independentes, nas outras províncias do Império.
Cremos que esta solução visava reduzir os problemas de munição, já que os
cartuchos das duas clavinas não eram intercambiáveis. Apesar de ser uma arma de
grande sucesso comercial, militarmente a clavina era muito delicada para o
serviço, além de ser de manutenção complicada, fatores que se acentuavam quando
consideramos a "mentalidade de cavalaria" do período, que não dava
ênfase ao combate de fogo. Finalmente, o cartucho padrão do Exército, de
ouropel, era problemático – a arma não tinha uma tolerância tal que aceitasse
bem os cartuchos feitos no Brasil, gerando muitas negas.
A arma
apresentava sérios problemas de manutenção e de tiro, problemas esses que
fizeram com que a arma, ao longo de toda a sua história de uso no Exército
Brasileiro fosse contestada, muitos oficiais preferindo – não sem razão –
a Spencer. Entretanto, um
retrocesso não era possível e a clavina continuou em uso – e o Exército até
tentou uniformizar as armas da cavalaria, conseguindo verbas para a compra de
8.000 Winchesters em 1882 (cada uma a um preço de 50 mil réis). Contudo, a
fabricação do modelo tinha se encerrado e tal número de armas não podia ser
mais comprado.
Além
da compra inicial, em 1872, houve mais duas encomendas distintas da arma: a
primeira em 1874 e uma última, bem mais tarde, em 1892, quando o modelo já
tinha saído de linha e a fábrica se viu obrigada a usar peças de outros modelos
em estoque, para poder entregar as 1.300 armas vendidas ao governo brasileiro.
Cada uma dessas encomendas tinha características ligeiramente distintas umas
das outras. A da compra de 1872 tinha um rebaixo na câmara, que facilitava a
extração dos cartuchos deflagrados, uma característica especialmente
importante, tendo em vista os problemas da munição brasileira. As clavinas da
encomenda de 1874 não tinham o tal rebaixo (um retrocesso) e a das compra de
1892, além de não terem o rebaixo, tinham peças aproveitadas de outros modelos
da fábrica, como a chapa da soleira, feita de aço ao invés de bronze.
Além dessas encomendas, com armas ligeiramente
distintas, ainda houve outras variantes. Como as Spencer, as Winchester
originais usavam, de início, cartuchos de percussão periférica. Quando o
Exército decidiu padronizar a produção de munição, usando somente cartuchos de
europeu e de percussão central, de desenho semelhante aos da Comblain, foi
decidido transformar as clavinas para percussão central. Isto foi feito na
Fábrica de Armas da Conceição.
Assim, basicamente, o Exército Brasileiro tenha
tido cinco modelos de Winchesters em uso, apesar de hoje em
dia ser muito difícil encontrar alguns deles. As variantes (modelos
brasileiros), todas basicamente do modelo 1866 norte-americano, eram as
seguintes:
Modelo 1872 – arma sem modificações, comprada nos EUA,
com câmara rebaixada. No exército, aparecem em alguns documentos como "Winchester
nº 1";
Modelo 1874 – arma sem modificações, sem câmara
rebaixada. No exército, aparecem em alguns documentos como "Winchester nº
2";
Modelo 1872/76 – modelo 1872 convertido no Brasil para
disparar cartuchos de percussão central;
Modelo 1874/76 – modelo 1874 convertido no Brasil para
disparar cartuchos de percussão central;
Todas as varetas dessas armas (colocadas em um caixa,
no coice da coronha) foram modificadas em 1888, para receber um aparelho de
limpeza;
Modelo 1892 – arma comprada nos EUA já com a
configuração para disparar cartuchos de percussão central, usando algumas peças
do modelo norte-americano de 1873.
Características
técnicas:
Calibre: 10,7 mm
Comprimento: 98 cm
Peso: 3,6 kg
Raias: 5 ou 6 a direita
Carregador: 13 cartuchos
Alcance útil:
300 m
Alça de mira: de 100 a 500 jardas
Cadência de fogo (útil): 20
tiros por minuto
·
CARABINA COMBLAIN
Hubert Joseph Comblain era um armeiro e inventor na
cidade de Liége, Bélgica. “Pai” do COMBLAIN, arma adotada pelo Brasil no
período de 1873 até meados da década de 1930. Logo após a Guerra da Tríplice
Aliança, conhecida no Brasil como Guerra do Paraguai, uma comissão do Exército
Brasileiro aprovou três grandes modelos, o Comblain (do exército belga), o
Martini-Henry e o Wesley-Richards mod.2 (do exército da Grã-Bretanha). Os
outros participantes eram o Remington mod. 1867, o Chassepot mod.1866(do
Exército Francês) e o Mauser mod.1871(do Exército Alemão). Após os testes foi
elaborada a compra de 3.000 fuzis e 2.500 carabinas Comblain em 1872.
As armas Comblain continuaram a ser a arma
regulamentar da infantaria do Império até 1892, quando começaram a ser
substituídas pela Mannlicher, e ainda seria usada depois disso, na Revolução
Federalista (1893), na Revolta da Armada (1891) e Guerra de Canudos (1896).
Estima-se que o
Brasil tenha adquirido por volta de 50.000 peças até meados de 1893, quando a
Comissão de Melhoramentos do Exército Brasileiro decidiu por introduzir o
Mauser modelo espanhol. Até a rebelião de Canudos (1896) nós podemos contar com
seis modificações no Comblain tendo sido utilizada a designação: N°1 ou M73
(1873), o N°2 ou M74 (1874), o N°3 ou M78 (1878), o N°4 ou M85 (1885), o N°5 ou
M89 (1889) e o N°6 ou M91 (1891). Com exceção do N°5 ou M89 (1889) que era no
calibre 11x53R, os outros eram todos no calibre 11x50R.
Características
técnicas:
Calibre: 11,50 mm
Comprimento: 121 cm
Peso: 4,28 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil:
500 m
Alça de mira: de 300 a 1200
metros
Cadência de fogo (útil): 8
tiros por minuto
Cadência de fogo (máx): 16
tiros por minuto
Velocidade inicial: 420 m/s
·
FUZIS COMBLAIN
Esta é uma arma de calibre reduzido – 7,5 mm, comprada em números bem reduzidos para equipar alunos das escolas de menores de idade do Exército e, posteriormente, do colégio militar. Basicamente é uma arma do modelo 5 reduzida, havendo duas variantes distintas, o da 1ª compra (1885) e outro, sobre o qual não temos dados (talvez da partida entregue em 1892?), com uma alavanca de armar reproduzindo a da Winchester. Sabe-se que essa última ainda era usada por alunos da rede pública do Rio de Janeiro em 1917, mas já tinha sido substituída no Exército pelos mosquetões Mauser.
Características
técnicas:
Calibre: 7,5 mm
Comprimento: 106,5 cm
Peso: 2,5 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil:
100 m
Alça de mira: de 100 a 900 metros
Cadência de fogo (útil): 8
tiros por minuto
Cadência de fogo
(máx): 16 tiros por minuto
Nenhum comentário:
Postar um comentário