segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Evolução do Armamento_Vitrine 14

Vitrine 14 – FINAL DO IMPÉRIO



·         REVÓLVER NAGANT 

Arma descendente do modelo francês “System Delvigne” de 1871, o nagant M1895 é um revólver de sete tiros desenvolvido pelo armeiro belga Léon Nagant para o Império Russo. Inicialmente foi produzido na cidade de Liége na Bélgica passando a ser produzido em 1898 pela empresa Tula na Russia.

O Brasil adquiriu em 1881 3.000 revólveres e estes, a partir de então, se tornaram as armas regulamentares dos soldados de cavalaria e de artilharia a cavalo, usando o mesmo cartucho da Winchester  modelo 72/74 brasileira, modificado para percussão central.
Inicialmente, os Nagant eram do tipo chamado "ação simples", ou "tiro intermitente": o cão tinha que ser armado manualmente a cada disparo para a arma funcionar. Além disso, era de extração manual: havia uma vareta fixa à lateral do cano, que, alinhada à uma câmara, permitia a ejeção do cartucho daquela câmara, a ação tendo que ser repetida seis vezes para esvaziar a arma. Essas duas características o tornavam operacionalmente inferior ao Gerard que fora comprado para os oficiais, mas eram consideradas como necessárias, pois temia-se que os soldados desperdiçassem munições com uma arma de "tiro contínuo" (ação dupla) e extração automática.
Com a sua adoção geral, tanto pelo Exército como pela Marinha, outras compras foram feitas, sendo que a seguinte, de 1885, ainda teria sido de armas de "ação simples", o que nos leva a crer que só com a República é que foram compradas armas de "ação dupla" ou "tiro contínuo". Essas compras foram em números relativamente elevados. Por exemplo, em 1899, havia 5.668 Nagants em depósito, apenas no Rio de Janeiro.
Nestas novas armas, o cão podia ser armado tanto manualmente, como pela ação do dedo no gatilho, o que aumentava em muito a cadência de tiro. A extração manual continuava, contudo. As armas de ação simples e ação dupla são muito semelhantes entre si, sendo que das primeiras há algumas feitas no Império. Das que foram feitas na República, há algumas com marcas da marinha ("Marinha dos Estados Unidos do Brasil"), sendo que há armas fabricadas pelos irmãos Nagant e outras por um consórcio alemão de Suhl. Este revólver permaneceu em uso até 1937, quando começou a ser substituído pelos Smith & Wesson de calibre .45.

Características técnicas:
País de origem: Bélgica
Calibre: 10,7 mm
Alcance útil: 50 m      
Comprimento: 27,5 cm
Capacidade de munições: 07 
Cadência de disparo: 14 TPM (tiros por minuto)
Peso: 1,11 kg

·         REVÓLVER SIMSON & SUHL


Nomenclatura: Revólver Simson & Co. Richard

Uma das empresas de fabricação de armas mais conhecidas de Thuringen (Alemanha) antes da Primeira Guerra Mundial, a Simson & Co estava sendo operada em 1900 por Gerson & Julius Simson. A propriedade foi passada para Leonhard, Julius, Max e Witwe Jeanette Simson em 1914. O Deutsches Reichs-Adressbuch de 1925 registra os produtos da Simson & Co como 'armas de caça e esporte, armas de pequeno calibre, pistolas de pequeno calibre, pistolas automáticas, carros e bicicletas' e listas uma filial em Berlim. A marca registrada habitual consistia em um “S” sobreposto no centro de três pirâmides, embora o nome da marca “Astora” seja encontrado em espingardas…. Simson tornou-se o principal fornecedor de fuzis de ação Mauser do exército alemão em 1920 ... A empresa tornou-se a Berlin-Suhler Waffen- und Fahrzeugwerke GmbH em 1932, mas foi nacionalizado à força em meados da década de 1930 e em 1940 havia se tornado uma divisão da Gustloff-Werke. O revólver Richard foi fabricado em meados de 1880, o Brasil adquiriu algumas unidades neste período pré-república.

Revólver alemão Simson & Co. Richard;
Fabricação: Simson & Co. (Suhl, Alemanha)
Calibre: 10,6 mm
Seis tiros e dupla ação;
Tambor octogonal com 6 tiros;
Segurança no lado esquerdo no quadro acima das garras; 
Carregamento do portão lateral;
Anel de corda.

·         FUZIL CHASSEPOT



O Chassepot, oficialmente conhecido como o Fuzil modèle 1866, era um fuzil de repetição de ferrolho, famoso por ser a arma empregada pelas tropas francesas durante a Guerra Franco-Prusiana. Substituiu a uma grande variedade de fuzis de antecarga Minié, muitos dos quais tinham sido modificados como fuzis de retrocarga em 1867 (Fuzil Tabatière). Sendo uma grande melhora com respeito aos fuzis militares existentes em 1866, o Chassepot marcou o início de era dos fuzis de ferrolho. A partir de 1874, o fuzil foi modificado com facilidade para empregar cartuchos metálicos - com a denominação de Fuzil Gras.


O fuzil era fabricado pela Manufacture d'Armes de St. Etienne (MAS), Manufacture d'Armes de Châtellerault (MAC) and Manufacture d'Armes de Tulle (MAT). Vários destes fuzis foram fabricados sob licença na Inglaterra (Potts and Hunt), Bélgica (diversas empresas de Lieja), bem como em Placentia e Brescia (posteriormente Itália). O número aproximado de fuzis Chassepot disponíveis para o Exército francês em 1870, era de 1.200.000 unidades. A fabricação do Chassepot foi cancelada em fevereiro de 1875, quatro anos após o final da Guerra Franco-Prusiana.
O Chassepot foi chamado assim em homenagem a seu inventor, Antoine Alphonse Chassepot (1833-1905) que, desde 1857, tinha construído vários modelos experimentais de fuzis de retrocarga. O desenvolvimento da Guerra de Secessão norte-americana ou as mais próximas de Prússia contra a Dinamarca ou contra Áustria demonstrou claramente a superioridade das armas de retrocarga com cartuchos integrais (que incluem o fulminante). Baseando no sistema de agulha e cartucho combustível do fuzil Dreyse, este desenvolveu seu próprio fuzil.
Em uma competição contra os sistemas Fave e Plumere, realizada em 11 de julho de 1866 no campo de Châlons sul Marne, o sistema de Chassepot saiu-se vencedor. No mês seguinte obteve a patente francesa pela invenção de um "fuzil de agulha do chamado sistema Chassepot". Prevendo o sucesso de seu sistema, registou também patentes na Bélgica, Espanha e Estados Unidos.




Em combate

Adotado para o serviço em momentos em que tinha lugar um intenso debate, a raiz do sucesso obtido pelo fuzil prusiano Dreyse na Batalha de Sadowa (3 de julho de 1866), no ano seguinte o Chassepot foi empregado em combate pela primeira vez, na batalha de Mentana. As tropas francesas equipadas com Chassepots derrotaram as forças dirigidas por Giuseppe Garibaldi devido ao maior alcance e velocidade de disparo de seus fuzis, com respeito às obsoletas armas de antecarga dos garibaldinos. O relatório enviado ao Parlamento francês mencionava que "Lhes Chassepots ont fait merveille!", em uma tradução livre: "os Chassepots fizeram maravilhas!". A verdade era que as pesadas balas cilíndricas de chumbo disparadas a grande velocidade pelo fuzil Chassepot produziam feridas bem mais graves do que as produzidas pelo fuzil Minié.
O fuzil foi utilizado pelo exército francês pouco depois de terminada a segunda intervenção francesa no México (1862-1867) e durante a Guerra Franco-Prusiana (1870-1871), bem como em diversos conflitos coloniais contemporâneos.
Na Guerra Franco-Prusiana, o Chassepot demonstrou ser superior ao fuzil alemão Dreyse ao dobrar o alcance deste último. Apesar de ser de um calibre inferior (11 mm diante de 15,4 mm do fuzil alemão), o cartucho do Chassepot tinha maior quantidade de pólvora e, portanto, maior velocidade inicial (33% superior à do Dreyse), obtendo uma trajetória mais estável e um maior alcance (próximo aos 1.300 metros). Graças ao comprimento do cano, conseguia uma precisão e penetração superiores. Os Chassepots foram responsáveis pela maior parte das baixas prusianas durante este conflito.


O fuzil Chassepot foi substituído no Exército Francês, a partir de 1874, pelo fuzil Gras, que empregava um cartucho metálico. Muitos dos Chassepots foram modificados para usar este cartucho (Fuzil modelo 1866/74). Também foi usado pelo Exército peruano e o pelo Exército boliviano na Guerra do Pacífico (1879-1884).

No Brasil

O Brasil chegou a estudar a sua adoção para a guerra do Paraguai, sendo ela uma das armas que passaram pelos testes competitivos que foram feitos a partir de 1868. Não foi a escolhida, contudo, a Roberts sendo adotada para testes em grande escala.
Apesar disso, em 1872, o Império se viu frente à uma nova ameaça de guerra no Sul, em torno das excessivas reivindicações territoriais feitas pela Argentina após a derrota do Paraguai (ela pedia cerca de 50% do território do inimigo derrotado, o que não era aceitável para o Império).
Como uma forma de enfrentar a ameaça de conflito, o ministro da Guerra informou no relatório daquele ano, que o governo tinha adquirido 8.631 "espingardas Chassepot, que foram compradas por motivos que não são desconhecidos, e porque era a única espécie de arma moderna de que havia provisão nos mercados da Europa".
Essas armas, entretanto, nunca foram distribuídas oficialmente ao Exército, apesar da Comissão de Melhoramentos ter preparado e mandado publicar uma edição de 3.000 exemplares de um manual dela. Não havia razões de repassá-las para a tropa, quando já havia a decisão de compra das Comblain.



Características técnicas:

Calibre: 11  mm
Comprimento: 130,5 cm
Peso: 4,14 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 300 m
Alça de mira: de 200 a 1200 m
Cadência de fogo (útil): 6 tiros por minuto
Cadência de fogo (max): 12 tiros por minuto
Velocidade inicial: 420 m/s


·         ESPADA DE OFICIAL


Espada do período imperial, transformada para República com a remoção do brasão da coroa imperial e adição do Brasão da República, um dos atuais símbolos nacionais.




·         CLAVINA WINCHESTER



Ao que tudo indica, a Winchester brasileira (modelo 1866 norte-americano) foi adquirida como uma solução de emergência - um "provisório que virou definitivo". O Brasil tinha usado a Spencer com grande sucesso na Guerra do Paraguai, mas a companhia fabricante tinha falido e novas armas não estavam disponíveis no mercado norte-americano. Desta forma, quando o Exército necessitou aumentar os seus estoques de armas de cavalaria, foi feita uma compra de clavinas Winchester. Estas destinavam-se a armar os esquadrões de atiradores dos regimentos de cavalaria de linha no Rio Grande do Sul (e todo o 1º Regimento, no Rio de Janeiro), as Spencer ficando restritas aos esquadrões e companhias independentes, nas outras províncias do Império. Cremos que esta solução visava reduzir os problemas de munição, já que os cartuchos das duas clavinas não eram intercambiáveis. Apesar de ser uma arma de grande sucesso comercial, militarmente a clavina era muito delicada para o serviço, além de ser de manutenção complicada, fatores que se acentuavam quando consideramos a "mentalidade de cavalaria" do período, que não dava ênfase ao combate de fogo. Finalmente, o cartucho padrão do Exército, de ouropel, era problemático – a arma não tinha uma tolerância tal que aceitasse bem os cartuchos feitos no Brasil, gerando muitas negas. 
   A arma apresentava sérios problemas de manutenção e de tiro, problemas esses que fizeram com que a arma, ao longo de toda a sua história de uso no Exército Brasileiro fosse contestada, muitos oficiais preferindo – não sem razão – a Spencer. Entretanto, um retrocesso não era possível e a clavina continuou em uso – e o Exército até tentou uniformizar as armas da cavalaria, conseguindo verbas para a compra de 8.000 Winchesters em 1882 (cada uma a um preço de 50 mil réis). Contudo, a fabricação do modelo tinha se encerrado e tal número de armas não podia ser mais comprado.
Além da compra inicial, em 1872, houve mais duas encomendas distintas da arma: a primeira em 1874 e uma última, bem mais tarde, em 1892, quando o modelo já tinha saído de linha e a fábrica se viu obrigada a usar peças de outros modelos em estoque, para poder entregar as 1.300 armas vendidas ao governo brasileiro. Cada uma dessas encomendas tinha características ligeiramente distintas umas das outras. A da compra de 1872 tinha um rebaixo na câmara, que facilitava a extração dos cartuchos deflagrados, uma característica especialmente importante, tendo em vista os problemas da munição brasileira. As clavinas da encomenda de 1874 não tinham o tal rebaixo (um retrocesso) e a das compra de 1892, além de não terem o rebaixo, tinham peças aproveitadas de outros modelos da fábrica, como a chapa da soleira, feita de aço ao invés de bronze.
Além dessas encomendas, com armas ligeiramente distintas, ainda houve outras variantes. Como as Spencer, as Winchester originais usavam, de início, cartuchos de percussão periférica. Quando o Exército decidiu padronizar a produção de munição, usando somente cartuchos de europeu e de percussão central, de desenho semelhante aos da Comblain, foi decidido transformar as clavinas para percussão central. Isto foi feito na Fábrica de Armas da Conceição.
Assim, basicamente, o Exército Brasileiro tenha tido cinco modelos de Winchesters em uso, apesar de hoje em dia ser muito difícil encontrar alguns deles. As variantes (modelos brasileiros), todas basicamente do modelo 1866 norte-americano, eram as seguintes:
Modelo 1872 – arma sem modificações, comprada nos EUA, com câmara rebaixada. No exército, aparecem em alguns documentos como "Winchester nº 1";
Modelo 1874 – arma sem modificações, sem câmara rebaixada. No exército, aparecem em alguns documentos como "Winchester nº 2";
Modelo 1872/76 – modelo 1872 convertido no Brasil para disparar cartuchos de percussão central;
Modelo 1874/76 – modelo 1874 convertido no Brasil para disparar cartuchos de percussão central;
Todas as varetas dessas armas (colocadas em um caixa, no coice da coronha) foram modificadas em 1888, para receber um aparelho de limpeza;
Modelo 1892 – arma comprada nos EUA já com a configuração para disparar cartuchos de percussão central, usando algumas peças do modelo norte-americano de 1873.


Características técnicas:

Calibre: 10,7  mm
Comprimento: 98 cm
Peso: 3,6 kg
Raias: 5 ou 6 a direita
Carregador: 13 cartuchos
Alcance útil: 300 m
Alça de mira: de 100 a 500 jardas
Cadência de fogo (útil): 20 tiros por minuto




·         CARABINA COMBLAIN



Hubert Joseph Comblain era um armeiro e inventor na cidade de Liége, Bélgica. “Pai” do COMBLAIN, arma adotada pelo Brasil no período de 1873 até meados da década de 1930. Logo após a Guerra da Tríplice Aliança, conhecida no Brasil como Guerra do Paraguai, uma comissão do Exército Brasileiro aprovou três grandes modelos, o Comblain (do exército belga), o Martini-Henry e o Wesley-Richards mod.2 (do exército da Grã-Bretanha). Os outros participantes eram o Remington mod. 1867, o Chassepot mod.1866(do Exército Francês) e o Mauser mod.1871(do Exército Alemão). Após os testes foi elaborada a compra de 3.000 fuzis e 2.500 carabinas Comblain em 1872.
As armas Comblain continuaram a ser a arma regulamentar da infantaria do Império até 1892, quando começaram a ser substituídas pela Mannlicher, e ainda seria usada depois disso, na Revolução Federalista (1893), na Revolta da Armada (1891) e Guerra de Canudos (1896).
 Estima-se que o Brasil tenha adquirido por volta de 50.000 peças até meados de 1893, quando a Comissão de Melhoramentos do Exército Brasileiro decidiu por introduzir o Mauser modelo espanhol. Até a rebelião de Canudos (1896) nós podemos contar com seis modificações no Comblain tendo sido utilizada a designação: N°1 ou M73 (1873), o N°2 ou M74 (1874), o N°3 ou M78 (1878), o N°4 ou M85 (1885), o N°5 ou M89 (1889) e o N°6 ou M91 (1891). Com exceção do N°5 ou M89 (1889) que era no calibre 11x53R, os outros eram todos no calibre 11x50R.


Características técnicas:

Calibre: 11,50  mm
Comprimento: 121 cm
Peso: 4,28 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 500 m
Alça de mira: de 300 a 1200 metros
Cadência de fogo (útil): 8 tiros por minuto
Cadência de fogo (máx): 16 tiros por minuto
Velocidade inicial: 420 m/s




·         FUZIS COMBLAIN








































Esta é uma arma de calibre reduzido – 7,5 mm, comprada em números bem reduzidos para equipar alunos das escolas de menores de idade do Exército e, posteriormente, do colégio militar. Basicamente é uma arma do modelo 5 reduzida, havendo duas variantes distintas, o da 1ª compra (1885) e outro, sobre o qual não temos dados (talvez da partida entregue em 1892?), com uma alavanca de armar reproduzindo a da Winchester. Sabe-se que essa última ainda era usada por alunos da rede pública do Rio de Janeiro em 1917, mas já tinha sido substituída no Exército pelos mosquetões Mauser.

Características técnicas:

Calibre: 7,5  mm
Comprimento: 106,5 cm
Peso: 2,5 kg
Raias: 4 a direita
Alcance útil: 100 m
Alça de mira: de 100 a 900 metros
Cadência de fogo (útil): 8 tiros por minuto
Cadência de fogo (máx): 16 tiros por minuto














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